O
Fantasma da Obra
Na década de 1950 seria
inaugurado o maior prédio já construído na cidade, até então, e para isso era
necessário os melhores arquitetos, engenheiros, operários e mestres de obra.
Assim foi feito e a obra começou a todo vapor. Todos estavam animados, pois
pagava-se vem, mas ninguém gostava de trabalhar com aquele mestre obra. Era o
melhor na região, conhecido em todo o país e competente no seu trabalho, mas
era chato e muito exigente, queria que acertassem até nos mínimos detalhes e se
tivesse um erro, por menor que fosse, ele reclamava, chamava a atenção e
mandava fazer tudo de novo. Só que os peões não aceitavam desaforo e resolveram
dar cabo do mestre de obras. Certo dia, um peão derrubou o cimento no chão e o
mestre de obras veio tirar satisfação, então os peões voaram em cima dele, o
levaram para o segundo andar, jogaram-no num buraco com pontas de ferro e
cobriram com concreto. Após o acontecido tudo correu na maior paz até que,
próximo ao termino da obra, o espírito do mestre de obra começou a assombrar os
peões. Aos poucos os peões cometeram suicídio e na inauguração já não tinha
ninguém vivo. A partir daí, em toda construção que ele aparecia e os operários se
suicidaram.
Seis décadas depois
aquele prédio foi demolido e seria construído outro. 500 operários foram
convidados, mas apenas 100 aceitaram. A construção também contava com um
engenheiro civil e um mestre de obras. Foi uma luta pra conseguir alguém que trabalhasse
nesta cidade, pois há 50 anos não se construía nada por causa do fantasma.
A construção começou e os
operários trabalharam com o máximo de cuidado e o mais rápido possível, pois
tinham que construir um prédio de 100 andares. No inicio foi tranquilo e
começaram a pensar que a historia do fantasma era lorota. Então os peões
passaram a fazer o trabalho de qualquer jeito, paravam quando queriam e jogavam
truco a todo o momento (quem perdia ia trabalhar e quem trabalhava estava na de
fora). Mas isso despertou o espírito que apareceu pra eles e, uma vez que isso
acontecia, nenhum operário sai da construção enquanto não acabar ou morrer (o
que aconteceu na maioria dos casos). Agora começa a história.
Com medo, os peões
trabalharam com pressa, mas por causa do desespero algum operário sempre cometia
algum erro, o que causava um grave acidente de trabalho ou a ira do fantasma. Assim
aconteceu o primeiro suicídio: enquanto Zé almoçava um peão sentou ao seu lado,
deixou sua marmita de lado, pegou uma arma de pregos e disparou contra sua
própria testa. Zé então falou:
─ Quer dizer que você
não vai comer isto!
“A mulher deve ser uma
péssima cozinheira pra ele fazer isso”, pensou Zé. Outro peão se jogou dentro
da betoneira ligada e virou uma estátua, teve quem brincou de jogar pedras e
tijolos para cima (já imaginou como essa brincadeira acabou, né?), alguns se
enforcaram com a trena, e, assim, vários outros casos de suicídio ocorreram:
estouraram a cabeça com britadeira, marreta, martelo; engoliram cimento, o que
acabou bloqueando as vias respiratórias; afogaram no concreto; atravessaram a
cabeça com furadeira; enfiaram fio desencapado no nariz; se jogaram do quarto
andar; etc. A obra não estava nem na metade e só tinham 4 peões: Zé, Jão Tião e
Geraldo. Jão pegou a furadeira e perguntou ao Tião:
─ Colé Tião, quer fazer
uma tatuagem?
─ Com a furadeira? Demorô!!
─ Dá até medo. ─ disse
Zé ao ver a tatuagem.
─ Aí! Quem tá afim de
jogar uma pelada? ─ perguntou Geraldo.
─ Tem bola?
─ Tem um tijolo e a
cabeça do Joaquim.
─ Então deixa a cabeça
do Joaquim de reserva caso o tijolo quebre ou até que seja isolado.
O mestre de obra e o
engenheiro foram olhar o andamento da construção e viram os quatro chutando uma
cabeça:
─ O que vocês estão
fazendo? ─ indagou o mestre de obra.
─ Jogando uma pepita!
─ E por que vocês não
estão trabalhando?
─ Hora do almoço.
─ E aquele ali, por que
esta dormindo?
─ Depois o rango ele
subiu lá em cima e pulou de cabeça. Ele deve sofrer de insônia ou coisa
parecida, nem mexemos nele.
─ E aquele outro na
pilastra?
─ Tá ali já faz uma
semana ou mais. Preguiçoso!
─ Viu só engenheiro.
Precisamos de mais homens na obra, senão... engenheiro! Engenheiro!
O corpo do engenheiro
estava pendurado, com um fio enrolado no pescoço. O fantasma apareceu e mandou
todos voltarem ao trabalho e o mestre de obra foi reclamar com ele. Enquanto os
dois discutiam, os quatro foram para o andar de baixo. Geraldo falou:
─ Ô Zé! Que é que cê tá
fazendo?
─ Tô pintando a parede.
─ Com sangue?!
─ Nem percebi! Agora tá
explicado porque tinha um gosto tão estranho.
─ Alguém tem colher ou
garfo aí? ─ perguntou Tião.
─ Tem não!!!
Tião pegou a colher de
pedreiro, ainda com resto de terra, cimento e areia que gato e cachorro
batizaram, e falou “se não tem tu, vai tu mesmo!”, mexeu a marmita e pôs-se a
comer. Os dias passaram e a construção estava quase pronta. Jão estava
capinando nos fundos do prédio quando aparece o mestre de obras e leva uma
enxadada no pé. Jão pede desculpas e o fantasma fica rindo, quando vem Geraldo
com alguns ferros e o acerta. O fantasma com raiva diz:
─ Acerta a mãe!
─ Não fala assim
comigo!
Geraldo pegou o
fantasma pelo colarinho, o encheu de tapa e jogou os ferros em cima dele. Na
recepção Tião e Zé colocavam o quadro do prefeito na parede e começam a brincar
com a furadeira, encostando-a no olho do prefeito. Neste momento o fantasma
aparece e a furadeira liga, furando o quadro. Os dois se apavoram e pensam em
colocar um tapa-olho no retrato. Geraldo passou e disse:
─ Não sabia que o
prefeito era pirata!
Passou o tempo e o
prédio ficou pronto. Os seis estavam do lado de fora, olhando para o edifício e
chorando de emoção, pois finalmente haviam terminado o trabalho. Chegou o dia
da inauguração. Havia cerca de 500 pessoas. Os homens que ali trabalharam
posaram para foros, até o fantasma. A imprensa estava cobrindo o evento e,
enquanto os funcionários davam entrevista, o fantasma viu um pedaço de pau
escorado na parede e falou com o mestre de obras. Os dois foram tirar o pau
dali, mas quando Zé, Jão, Geraldo e Tião os viram movendo o toco, gritaram:
─ Não tira isso daí
nãoooooo!!!!
O prédio veio ao chão
matando todo mundo que estava dentro.
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